Escrito por Peter Rodriguez

O livro de Daniel – Capítulo 4

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Apenas para reforçar um certo ponto mencionado na introdução desta série, este estudo destacará todos os paralelismos — uma estrutura poética frequentemente usada pelos escritores bíblicos — encontrados nesse capítulo. A compreensão dos paralelismos e de outras estruturas poéticas encontradas na Bíblia será muito importante para a leitura desta série, Luz na Babilônia, bem como para todas as outras séries e estudos bíblicos que você encontrará neste website.

Conforme mencionado, as palavras paralelas serão codificadas por cores para ajudar os leitores a identificá-las mais facilmente. Palavras com significados iguais ou relacionados compartilharão a mesma cor. Por exemplo, o versículo que estamos lendo ficaria assim: “Seus sinais, quão grandes, e suas maravilhas, quão poderosas! Seu reino, um reino de eternidade, e seu governo, com geração e geração!”

próspero em minha casa, e verdejante em meu palácio.”

Verdejante: O significado é que Nabucodonosor estava florescente, pujante, bem-sucedido e próspero (conforme indicado pelo paralelismo do texto bíblico). Literalmente, Nabucodonosor está dizendo que ele estava verde e exuberante, como uma árvore frondosa.

“A palavra [traduzida como ‘verdejante’] é aplicada propriamente a uma árvore, e ela significa amplo e luxuriante (Deuteronômio 12:2, 1 Reis 14:23 e outras passagens). De acordo com a A.V. [Authorized Version] e a R.V. [Revised Version], ‘verde’, o que é correto apenas no sentido de que uma árvore luxuriante também é geralmente uma árvore ‘verde’ […]” (Cambridge Bible for Schools and Colleges) ”רענן, que propriamente significa crescendo verde, refere-se ao crescimento fresco e vigoroso de uma árvore, com o qual são frequentemente comparadas a felicidade e a prosperidade dos homens; por exemplo, no Salmo 52:10 (8) e no Salmo 92:12” (Keil and Delitzsch Biblical Commentary on the Old Testament)

Em minha casa: O palácio de um rei é a casa desse monarca, conforme demonstrado pelo paralelismo no texto. Nabucodonosor não estava em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. “Casa” e “palácio” aqui se referem ao mesmo local, da mesma forma que “verdejante” e “próspero” transmitem a mesma ideia.

Um sonho eu vi, e ele me deixou com medo; e impressões em minha cama e visões de minha cabeça me fizeram estremecer.”

Um Vigilante, sim, um Santo: Literalmente, “Um Vigilante, e um Santo, […]”.

“Ele evidentemente não pretende se referir a dois seres, um ‘vigilante’ e ‘um que era santo’; ele quer designar o caráter do vigilante, ou seja, que ele era santo, […]. Assim, Bertholdt explica: ‘não dois, mas apenas um, que era tanto um vigilante quanto era santo; um daqueles conhecidos como vigilantes e como santos’. A conjunção ו (vav), e, pode ser usada de forma a não indicar uma pessoa ou coisa adicional, mas para especificar ou explicar algo em acréscimo ao que o nome aplicado indicaria. Compare com 1 Samuel 28:3: ‘Em Ramá, sim (ו vav), em sua própria cidade’. 1 Samuel 17:40: ‘e as colocou em um saco de pastor que ele tinha, a saber (ו vav), em um alforje’”. (Barnes’ Notes on the Bible)

Além disso, o verbo traduzido como “desceu” está no singular, referindo-se a um único sujeito.

Portanto, “Vigilante” e “Santo” são palavras que se referem ao mesmo ser. Aquele que desceu do céu era um Vigilante e Santo.

Sete tempos passarão sobre ele: Sete tempos são sete anos.

De fato, o historiador judeu do primeiro século Flávio Josefo afirma que Nabucodonosor passou sete anos no ermo: “e que quando ele tivesse vivido dessa maneira no deserto [ermo] por sete anos, ele deveria recuperar seu domínio novamente. […]; e como ele predisse, assim aconteceu; pois depois que ele permaneceu no ermo o intervalo de tempo mencionado, ninguém tentou tomar seu reino durante esses sete anos, […]. Mas que ninguém me culpe por escrever todas as coisas dessa natureza, como as encontrei em nossos livros antigos; […] eu não pretendia fazer mais do que traduzir os livros hebraicos para a língua grega, e prometi-lhes explicar esses fatos, sem acrescentar nada a eles de minha autoria, ou tirar qualquer coisa de lá.” (Flavius Josephus, The Antiquities of the Jews, translated by William Whiston).

O livro de Daniel também diz que “tempos” significa “anos”: “E no fim de tempos, de anos, vindo ele virá […]” (Dn 11:13)

Portanto, quando Nabucodonosor passou sete tempos no ermo, isso significa que ele passou sete anos lá.

Pelo decreto dos Vigilantes é a palavra: “pelo decreto dos Vigilantes é a palavra, e pelo dito dos Santos é a demanda,”

Considerando o paralelismo nesse versículo, a que se refere o termo “palavra”? À demanda (o corte da árvore e o que isso significa). E quem são os Vigilantes? Os Santos. Esse paralelismo fornece evidência adicional de que os Vigilantes e os Santos são os mesmos, justificando a tradução do versículo 13 como “um Vigilante, sim, um Santo”.

“Meu senhor, seja o sonho para aquele que o odeia, e sua interpretação para os seus inimigos.”

Esse paralelismo mostra a mistura vista ao longo deste capítulo de símbolo e significado, sonho e interpretação. Nabucodonosor começa seu testemunho dizendo que estava verdejante em seu palácio, como se ele fosse uma árvore exuberante e frondosa que cresce vigorosamente. E, enquanto o Vigilante fala sobre a árvore, a narrativa subitamente muda, referindo-se diretamente à árvore como se ela fosse um ser humano (veja os versículos 14 a 16).

Aqui, o sonho e sua interpretação estão interligados, da mesma forma que os inimigos de Nabucodonosor são aqueles que o odeiam.

Este é um decreto do Altíssimo: Este é um decreto dos Vigilantes: “pelo decreto dos Vigilantes é a palavra”, disse o Vigilante que desceu do céu.

Este capítulo primeiro declara que o decreto é dos Vigilantes, os Santos, e depois atribui o decreto ao Altíssimo. Isso se deve ao fato de que os Vigilantes, os Santos, são “Deus, o Altíssimo” (Daniel 4:2).

“A verdade pura e simples é que essas denominações, Vigilantes e Santos, denotam as pessoas na Divindade; a primeira descrevendo-as pela vigilância de sua providência universal, a segunda pela santidade transcendente de sua natureza. A palavra traduzida como Santos é aplicada dessa forma em outros textos das Escrituras, o que torna indiscutível o sentido da outra palavra, associada a ela aqui. Em perfeita coerência com essa exposição, e com nenhuma outra, encontramos, no versículo 24, que esse decreto dos Vigilantes e dos Santos é o decreto do Deus Altíssimo; […]” (Benson’s Commentary of the Old and New Testaments)

“Os olhos de Jeová estão em toda parte, vigiando os maus e os bons.” (Provérbios 15:3) “Do céu, Jeová olha para baixo e vê todos os filhos de homens.” (Salmo 33:13) Deus é o Vigilante do mundo inteiro. Ele monitora as ações dos reis e examina o coração de Seus administradores. Se eles continuamente se mostram desleais ao Rei do céu, deixando de cuidar dos habitantes da terra com amor, negligenciando a retidão e não tendo compaixão pelo pobre, o Todo-Poderoso remove deles o reino que lhes concedeu e coloca no lugar deles quem ele bem entender.

Troque seus pecados pela retidão: O verbo traduzido como “troque” é פּרק, que significa literalmente “romper, quebrar em pedaços, portanto, separar, desunir, colocar à distância” (Keil e Delitzsch Biblical Commentary on the Old Testament)

“A metáfora é tirada de um animal irrequieto que lança fora o jugo. (Compare com Gênesis 27:40, onde é predito que a posteridade de Esaú ‘romperá’ o jugo de Jacó.) Em caldeu, a palavra é usada, em sua maior parte, no sentido de colocar de lado. Daniel, portanto, aconselha o rei a se rebelar contra seus pecados, como o orgulho, a dureza e a crueldade para com seus cativos, e a deixar todos esses pecados de lado. E qual seria a melhor maneira de ele fazer isso senão praticando as virtudes contrárias?” (Ellicott’s Commentary for English Readers) “Mude seus princípios e práticas; pratique a justiça e ame a misericórdia; e, em vez de oprimir os pobres, tenha compaixão deles e seja gentil e generoso com eles.” (Benson’s Commentary of the Old and New Testaments)

Tudo o que Daniel está dizendo é simplesmente “troque seus pecados pela retidão”.

Suas unhas, como as das aves: Durante os sete anos, suas unhas tiveram tempo para crescer até ficarem muito compridas e deformadas, assemelhando-se às das aves. “suas unhas eram como garras de aves: as unhas de seus dedos das mãos e dos pés eram duras, longas e afiadas, como as delas, não tendo sido cortadas durante esse tempo; isso mostra que os sete tempos não devem ser entendidos como semanas ou meses, mas como anos.” (Gill’s Exposition of the Entire Bible)

E ao fim daqueles dias: Ao fim dos sete tempos.

Sete dias não teriam sido suficientes para que suas unhas ficassem como as de uma ave e para que seu pelo cobrisse seu corpo como a plumagem de uma águia. Ele usou a palavra dias (יומ) aqui porque eles às vezes usavam essa palavra para se referir a anos. Por exemplo, “Como os dias de um ser humano são os seus dias? Seus anos são como os dias de um homem, para que você procure a minha iniquidade, e o meu pecado busque?” (Jó 10:5-6) Podemos ver esse uso também no primeiro capítulo do livro de Daniel: “por três anos, ao fim dos quais estariam diante do rei. […] E, ao fim daqueles dias [os três anos] em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe perante Nabucodonosor.” (Daniel 1:5, 18)

Assim, ao se referir aos sete tempos como “aqueles dias”, Nabucodonosor mostra que sete tempos são equivalentes a sete anos.

Guarde essa informação (que um tempo é o mesmo que um ano), pois ela será importante para entender as profecias relacionadas a tempo que encontraremos nos livros de Daniel e Apocalipse.

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