Escrito por Peter Rodriguez
Disponível em outros idiomas: English
TABELA DE CONTEÚDOS
- Sobre Deus e Sua Palavra
- Sobre as Traduções da Bíblia
- Sobre a Revelação Progressiva
- Sobre Poesia Semítica
- Sobre as Profecias
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
INSTRUÇÕES DE LEITURA
Preparação para a leitura: Antes de iniciar cada sessão de leitura, reserve um momento para orar ao nosso Criador, pedindo que ele o guie em toda a verdade e lhe ensine os caminhos dele. “Porque Jeová dá sabedoria; da sua boca procedem conhecimento e entendimento;” (Provérbios 2:6) “Abre os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da tua lei.” (Salmo 119:18) “Clame a mim, e eu lhe responderei, e lhe mostrarei coisas grandes e inacessíveis (você não as conhece).” (Jeremias 33:3) Que a paz celestial e a presença dos santos anjos de Deus preencham o seu lugar de leitura.
Leia esta introdução: Esta introdução aborda temas fundamentais essenciais para a compreensão desta série, como a identidade do Deus nela apresentado, a natureza e a confiabilidade do texto sagrado sobre o qual ela se baseia, sua abordagem hermenêutica e outros elementos importantes. Portanto, leia esta introdução até o fim antes de prosseguir, para garantir que comecemos com uma base comum e o mesmo conhecimento.
Facilitando a leitura de capítulos longos: (1) Por motivos didáticos, as postagens mais longas foram divididas em seções menores para que o leitor não se sinta sobrecarregado por receber demasiadas informações de uma só vez. É aconselhável que os leitores façam uma pausa no final de cada seção para refletir sobre o que leram e orar. (2) Ao mesmo tempo, para não perder a linha de raciocínio, evite fazer longos intervalos (como alguns dias) entre as seções. Se possível, tente distribuir a leitura ao longo do dia: por exemplo, a primeira seção pela manhã, a segunda à tarde e a terceira à noite. (3) Para ajudar no gerenciamento do tempo, cada seção inclui um tempo estimado de leitura, permitindo que os leitores planejem os intervalos de modo conveniente. (4) Como esta introdução em si é longa, você pode aplicar esta sugestão aqui. Sempre que encontrar uma seção marcada com seu tempo de leitura, sinta-se à vontade para fazer uma pausa antes de prosseguir.
Uma jornada de leitura proveitosa: Mesmo para aqueles que não estão particularmente interessados em religião, não há nada a perder com a leitura desta série; pelo contrário, ela oferece conhecimentos interessantes em uma série de disciplinas. Os leitores também encontrarão conhecimentos relacionados à história mundial, literatura, civilizações antigas, idiomas, interpretação de textos antigos e muito mais. Esta série aprofunda nossa compreensão do mundo em que vivemos e dos desenvolvimentos históricos que o moldaram. Mas o mais importante é que, ao ler esta série, você conhecerá e entenderá a religião cristã — e isso permitirá que você tome uma decisão ponderada e com conhecimento de causa sobre se realmente deseja segui-la ou não (a decisão mais importante que se pode tomar na vida). Portanto, por todos esses motivos, leia a série inteira. O tempo investido nessa leitura será de grande proveito para o leitor.
Certifique-se de ler toda a série: (1) Basicamente, esta série consiste em uma análise expositiva do livro bíblico em sua totalidade, examinando os versículos em seu contexto e seguindo a linha de raciocínio do escritor bíblico inspirado. (2) Por esse motivo, é importante se envolver com esta série sequencialmente e do início ao fim. A leitura do material em ordem e até o final garantirá uma compreensão coerente do livro bíblico sob análise, permitindo que o estudante da Bíblia discirna adequadamente o significado pretendido pelo escritor bíblico dentro do fluxo do argumento. (3) Além disso, muitas perguntas que podem surgir durante o estudo serão respondidas posteriormente. Portanto, é importante ler a série inteira (e em sua sequência pretendida) para obter a compreensão dos livros bíblicos em análise e apreciar o quadro completo da mensagem que o autor desta série pretende transmitir ao reunir o Livro de Daniel, o Evangelho de Mateus e o Apocalipse.
Considerando o panorama bíblico: (1) Ao longo desta série, você encontrará ocasionalmente postagens complementares inseridas entre as principais. Elas foram criadas para esclarecer capítulos anteriores ou prepará-lo para o conteúdo que está por vir. É importante ler essas postagens adicionais, pois elas fornecem o contexto essencial necessário para entender devidamente os livros bíblicos que estão sendo analisados. (2) Por exemplo, livros como Daniel e Apocalipse se baseiam fortemente em outras passagens e doutrinas bíblicas. Sem familiaridade com essas referências, torna-se difícil entender corretamente as mensagens pretendidas. Essas postagens suplementares garantem que todos os leitores, sejam eles novos no cristianismo ou crentes de longa data, tenham o conhecimento básico necessário para uma compreensão precisa.
Seção de perguntas e respostas: No final de cada post, o leitor encontrará uma seção de perguntas e respostas relacionada ao capítulo do livro bíblico que foi estudado. Essas perguntas são enviadas pelos leitores ou obtidas em outros lugares. Portanto, se ainda houver perguntas sobre o capítulo, envie-as para o seguinte endereço de e-mail: questions@thebloodstainedbanner.org
PROCESSO DE ESCRITA
Autoridade da Bíblia: A Palavra de Deus deve ser a autoridade em todas as postagens. Portanto, as citações puramente interpretativas — aquelas não relacionadas a significados do idioma original, dados arqueológicos ou fatos históricos — são incluídas não para apresentar o escritor ou teólogo como uma autoridade, mas simplesmente porque oferecem uma explicação pronta, clara e biblicamente fundamentada do assunto. A Palavra de Deus deve ser a autoridade em todas as postagens.
Foco em tópicos pertinentes: (1) Embora a preparação desses materiais envolva um estudo minucioso de cada livro bíblico analisado nesta série — examinando o texto versículo por versículo e palavra por palavra —, o que é apresentado ao leitor não é um comentário versículo por versículo. (2) Nem tudo precisa de uma explicação. Há momentos em que estamos simplesmente seguindo uma narrativa, e nem toda passagem exige explicação. Dada a urgência do tempo presente, à medida que nos aproximamos das páginas finais da história deste mundo, não há espaço para nos determos em tópicos menos pertinentes ou incluir detalhes não essenciais sobre um versículo bíblico, tais como “curiosidades” que não contribuem para a mensagem do livro bíblico. (3) Portanto, sempre que você encontrar um comentário, preste bastante atenção à explicação e saiba que ela é importante. O tópico extraído do versículo bíblico e explicado fornece informações importantes que serão essenciais para a compreensão de versículos futuros à medida que avançamos no livro bíblico (ou ajudará a equipar o leitor para discernir enganos e rejeitar ensinos errados que pairam no ar e podem eventualmente chegar aos seus ouvidos). (4) O escritor se concentrará nas verdades para este tempo presente, provendo “alimento a seu tempo”. Por esse motivo, os comentários priorizam explicação necessária e essencial em vez de exposição exaustiva versículo por versículo.
Fontes históricas: Embora os textos escritos por historiadores e citados nesta série possam parecer comentários sobre as profecias bíblicas, eles não são. Historiadores estavam simplesmente escrevendo sobre a história, e a história vem se desenrolando conforme profetizado na Bíblia. É por isso que os escritos de historiadores se assemelham a comentários sobre profecias, embora não tenham sido planejados como tal.
Origem das fontes: Todas as fontes citadas nesta série provêm de pesquisadores e acadêmicos imparciais. Seja referenciando o trabalho de arqueólogos, linguistas, historiadores ou mesmo teólogos, nenhum dos textos citados vem de indivíduos que compartilham o conjunto de ensinamentos extraídos da Bíblia e apresentados nesta série. Todas as fontes citadas nesta série provêm de pesquisadores e acadêmicos imparciais.
Qualidade do conteúdo (livre de IA): (1) Nenhuma ferramenta de IA foi usada para gerar conteúdo, esboçar postagens ou fornecer ideias para esta série. Esse fato é mencionado para evitar que os leitores se sintam desestimulados a ler esta série por presumirem que o material que lerão será como os criados por IA. (2) O uso de travessões simplesmente reflete o estilo e o gosto pessoal de escrita do autor.
SOBRE DEUS E SUA PALAVRA
O LIVRO DA NATUREZA

A natureza é um livro sagrado.
Cada página desse livro é uma rica fonte de conhecimento sobre Aquele que criou todas as coisas. Seus versos — as flores do campo, o sol nascente pintando o céu, os hinos matinais dos pássaros — são santas influências que nos levam a refletir sobre assuntos espirituais e nos conduzem à pureza, à paz e a Deus – o divino Criador. Sobre esse Deus, os céus acima e a terra abaixo, o vasto mar e as fontes de água, e tudo o que há neles, estão incessantemente declarando aos nossos sentidos: “Ele nos fez!”
Portanto, Deus não nos deixou sem testemunho sobre si mesmo.
Cada ser humano, mesmo nos lugares mais remotos do globo, pode aprender sobre Deus a partir do grande Livro da Natureza.
Como diz a Palavra escrita, “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo” (Salmo 19:1-4).
A Bíblia, portanto, considera a natureza como Palavra de Deus, e assim devemos considerá-la, com toda a devida reverência.
Ela deve ser lida com atenção teológica.
As obras que encontramos na natureza não apenas atestam a existência de seu Autor, mas também nos falam sobre seu caráter. Elas nos dizem que ele é bom, misericordioso e que é um Deus que se preocupa conosco. Como diz a Palavra escrita, Deus “não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações” (Atos 14:17). O Deus que cuida até mesmo do pequenino inseto que caminha sobre o solo também nos vê, nos conhece e nos sustenta.
O Criador é um Deus cujas “ternas misericórdias estão sobre todas as suas obras” (Salmo 145:9).
Cada nascer do sol sussurra sua misericórdia, cada colheita anuncia sua provisão e cada chuva canta sua gentil compaixão.
“Quantas são as tuas obras, Senhor! Fizeste todas elas com sabedoria! A terra está cheia de seres que criaste. Eis o mar, imenso e vasto. Nele vivem inúmeras criaturas, seres vivos, pequenos e grandes. Nele passam os navios, e também o Leviatã, que formaste para com ele brincar. Todos eles esperam em ti para que lhes dês o alimento no tempo certo; tu lhes dás, e eles o recolhem, abres a tua mão, e saciam-se de coisas boas.” (Salmos 104:24-28) “Cantem ao Senhor com ações de graças; ao som da harpa façam música para o nosso Deus. Ele cobre o céu de nuvens, concede chuvas à terra e faz crescer a relva nas colinas. Ele dá alimento aos animais, e aos filhotes dos corvos quando gritam de fome.” (Salmos 147:7-9)
Em uma exposição de arte, sabemos que as pinturas não são aquele que as pintou.
Da mesma forma, as obras de arte que encontramos na natureza não são Aquele que as criou.
Não devemos confundir a criação com seu Criador. Na natureza, a assinatura de seu Autor foi deixada, mas ela não gerou a si mesma. As árvores, os pássaros e os rios nos falam de Deus, mas não são Deus. Assim como as obras de um artista apontam para a habilidade e a destreza de seu autor, o mesmo acontece com as obras de Deus: elas manifestam aos nossos sentidos seu enorme poder e grandeza, falando-nos sobre a sabedoria, o caráter e a habilidade daquele que criou todas as coisas.
Não é a pintura que deve ser homenageada, e sim o seu pintor.
Da mesma forma, não são as coisas criadas que devem ser adoradas, e sim o Criador delas.
Essa é a atitude natural e razoável a ser tomada. Certamente podemos nos alegrar com sua criação e admirar suas obras com grande admiração, mas o aplauso e as honras pertencem ao artista. Sobre a tela movediça dos céus, o divino Artista pintou cenas gloriosas, e “quando as estrelas foram feitas”, diz o Senhor, “todos os meus anjos me louvaram em alta voz” (Jó 38:7).
Será que nós, a coroa de sua criação na terra, deveríamos oferecer menos?
Mas, infelizmente, os homens têm suprimido “a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.” (Romanos 1:18-23)
Mas Deus é misericordioso, como podemos ver em cada manhã, e até mesmo sua infinita graça para conosco é exibida na natureza.
Deus, o Criador, é todo-misericordioso e bondoso, ama todo ser humano — mesmo aqueles que estão no caminho errado. Ele espera de braços abertos, sempre pronto para recebê-los e deixar que o passado seja esquecido.
Na natureza, Deus deixou testemunhos de sua misericórdia e amor. Ele demonstra misericórdia ao enviar chuva do céu e colheitas em suas estações – abençoando tanto os justos quanto os injustos. Ele provê abundantemente para todos, enchendo os corações de alegria: não apenas aqueles que agradecem ao Doador, mas também aqueles que ainda não reconhecem a fonte de sua satisfação. Toda boa dádiva é derramada gratuitamente – não apenas para os servos do Criador e Mantenedor de todas as coisas, mas também para aqueles que ainda não o reconhecem.
Nesse ensinamento dado por meio do Livro da Natureza, temos uma importante lição para nós mesmos.
Aqueles que afirmam servir ao verdadeiro Deus, o Criador, devem viver de acordo com seus ensinamentos, estendendo o amor até mesmo a seus inimigos – assim como Deus derrama seu amor também sobre aqueles que o odeiam e são ingratos com ele. “Eu lhes digo”, disse Jesus, ”amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês sejam filhos do seu Pai que está nos céus. Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e envia chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Não fazem isso até os cobradores de impostos? E, se saudarem apenas os seus, o que estarão fazendo a mais do que os outros? Não fazem isso até mesmo os pagãos? Portanto, sejam completos, assim como o Pai celestial é completo.” (Mateus 5:44-48)
A Bíblia nos convida a buscar conhecimento divino na natureza e nos incentiva a olhar mais profundamente e explorar os princípios fundamentais que moldam o nosso mundo.
A Bíblia diz: “Vá até a formiga […] estude seu comportamento e seja sábio” (Provérbios 6:6). “Observem as aves do céu” (Mateus 6:26). “Considerem os lírios” (Lucas 12:27). “Observem os corvos” (Lucas 12:24). “Levantem os olhos e olhem para os céus: Quem criou tudo isso?” (Isaías 40:26). “Pergunte aos animais, e eles o ensinarão; às aves do céu, e elas lhe contarão; fale com a terra, e ela o instruirá; deixe que os peixes do mar o informem. Qual dentre todos eles ignora que a mão do Senhor fez isso?” (Jó 12:7-9).
Assim, a Bíblia aponta a natureza como uma fonte de conhecimento divino — é, de fato, a própria Palavra de Deus — e, como tal, devemos nos aproximar dela com a máxima seriedade e reverência.
Na verdade, os ensinamentos da natureza serviram de base para as lições dos profetas bíblicos. Eles são, no sentido mais estrito, palavras de Deus. Como a criação é o fundamento dos ensinamentos da Bíblia, ler este ‘livro’ sob a direção do Espírito Santo nos ajudará a compreender mais plenamente as lições da própria Bíblia. Ambos os livros lançam luz um sobre o outro, concedendo-nos uma compreensão mais completa e clara de Deus, do seu bom caráter e dos seus bons caminhos.
Os ensinamentos contidos no grande Livro da Natureza testificam a verdade da Palavra de Deus escrita, a Bíblia.
A BÍBLIA

O livro religioso que fala sobre Deus, o Criador, da forma como ele é apresentado na natureza é a Bíblia.
A Bíblia descreve seu Deus como misericordioso, bom e compassivo, assim como é o Deus revelado no grande Livro da Natureza. Ela também diz que o Criador do universo e de tudo o que nele existe é o seu Deus. O Deus da Bíblia também é grande em poder, criativo e sábio, assim como o Deus revelado na Natureza.
Portanto, o Deus da Bíblia é o Deus revelado no Livro da Natureza, o Deus verdadeiro.
Ambos os livros lançam luz um sobre o outro, ajudando-nos a entendê-los.
Como você pôde ver na seção anterior, as doutrinas extraídas da natureza e apresentadas aqui foram, na verdade, retiradas da Bíblia. Foi a Bíblia que as tornou claras. Da mesma forma, como os ensinamentos da natureza foram a base para os ensinamentos dos escritores bíblicos, estudar a natureza sob a orientação de Deus nos ajudará a entender as lições da própria Bíblia.
Assim, os ensinamentos encontrados no grande Livro da Natureza dão testemunho da verdade da Palavra de Deus escrita, a Bíblia.
A Bíblia é uma coleção de livros escritos por homens santos de Deus.
Ela foi escrita por vários homens, cada um deles com diferentes estilos de vida e origens muito diferentes. Seus autores incluem agricultores, reis, pescadores, médicos, pastores, guerreiros, músicos, copeiros, estadistas e teólogos. Mas, apesar dessa bela diversidade, o estudante atencioso da Bíblia pode ver a perfeita harmonia que há em seus escritos — pois Aquele que inspirou esses homens é um e o mesmo.
Se você conhece a Bíblia, você pode ver que seus livros apresentam um grande contraste no estilo literário.
E diferentes formas de expressão são empregadas por diferentes escritores.
Observe os diferentes escritores e os diversos estilos de escrita por meio dos quais a Bíblia foi escrita, e você verá que os escritores transmitiram as mensagens de Deus em seus próprios estilos, vozes e experiências. Isso significa que Deus mesmo, como escritor, não está representado na Bíblia. A Bíblia foi, de fato, escrita por homens, cada um expressando verdades divinas de sua própria maneira.
Deus não ditou as palavras e expressões da Bíblia.
Os escritores bíblicos foram deixados para expressar com suas próprias palavras e frases as verdades que Deus havia colocado em seus corações e os ensinamentos que Ele revelou às suas mentes. Deus guiou a mente dos escritores bíblicos na seleção do conteúdo que deveriam falar e escrever. Sim, ele conduziu o processo, garantindo que a mensagem que ele queria transmitir fosse transmitida. Entretanto, os escritores bíblicos escreveram por si mesmos, usando suas próprias palavras e modos de expressão.
“Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Coríntios 14:32).
“Seja qual for a maneira pela qual a mente foi influenciada, ou seja qual for o modo pelo qual a verdade foi transmitida, ainda assim isso não se deu de modo a destruir o livre exercício da consciência, nem eliminava a individualidade da pessoa inspirada, nem aniquilava o que era peculiar em seu modo de pensar, seu estilo ou sua forma habitual de expressão.” (Albert Barnes, Barnes’ Notes on the Bible)
Isso fica evidente quando lemos a Bíblia de Gênesis a Apocalipse e vemos as diversas formas de expressão e estilos literários empregados por seus muitos escritores.
É importante ressaltar, entretanto, que as verdades reveladas por meio dessas palavras de homens foram todas dadas pelo próprio Deus.
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de elucidação pessoal; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas, impelidos pelo Espírito Santo, homens santos de Deus falaram.” (2 Pedro 1:20-21) Sob a influência do Espírito Santo, os escritores bíblicos foram imbuídos de pensamentos. A mente e a vontade divinas foram combinadas com a mente e a vontade humanas. É dessa forma que as declarações do homem que encontramos na Bíblia são a Palavra de Deus.
Nisso, assim como na encarnação de Cristo, são demonstrados a condescendência e o amor de Deus.
As ideias da Bíblia tiveram de ser expressas em linguagem humana para que pudéssemos ser alcançados. Essa não é a maneira de Deus se expressar, mas para nos alcançar onde nos encontramos, foi do agrado do Ser Infinito comunicar suas verdades ao mundo por meio de agências humanas, fazendo uso de palavras e expressões humanas, com todas as suas limitações, deficiências e imperfeições.
Tal condescendência tem sido motivo de escândalo para muitos, assim como na encarnação de Cristo.
Deus tem sido criticado e ridicularizado por ensinar suas verdades por meio de homens humanos, mas “o amor tudo suporta” (1 Coríntios 13:7).
“Assim como a inspiração não suprime a individualidade dos escritores bíblicos, também não neutraliza totalmente suas fragilidades humanas nem lhes confere imunidade contra erros” (S. R. Driver, Church Congress speech, cited in F.W. Farrar, The Bible: Its Meaning and Supremacy, Longmans, Green, and Co., 1897). Como elas foram de fato escritas por homens humanos, pequenos erros gramaticais e outras imperfeições irrelevantes podem às vezes ser encontrados nos escritos bíblicos.
Não é que a Bíblia esteja repleta de erros.
Mas é um fato que esses erros irrelevantes existem.
Um exemplo clássico e bem conhecido disso ocorre no Evangelho de Mateus (ver Mateus 27:9-10), onde o escritor sagrado atribui um determinado texto ao profeta Jeremias, quando na verdade esse texto aparece no livro de Zacarias. No entanto, essa atribuição não afeta de forma alguma a mensagem que Deus estava transmitindo por meio de Mateus. O foco daquela mensagem não estava na identidade do autor humano, mas na mensagem do texto ao qual Mateus estava se referindo.
A verdade é a verdade, venha ela de onde vier.
Quem escreveu aquele texto mencionado por Mateus é um detalhe que simplesmente não importa sobre o que Mateus estava escrevendo.
Sim, copistas e tradutores tiveram a oportunidade de corrigir esse pequeno detalhe, mas eles preservaram o texto sagrado da forma como ele veio do autor bíblico. A fé de uma pessoa não precisa ser abalada por causa de suas expectativas errôneas sobre a Bíblia. Embora a Bíblia seja frequentemente usada hoje em dia para fins diferentes de sua intenção original, na verdade ela foi escrita para servir como um guia para a salvação e uma vida santa, como uma revelação sobre Deus e sua vontade, como alimento para a alma.
As Escrituras Sagradas são a revelação suprema, autorizada e infalível da vontade de Deus.
Eles são o padrão de caráter, o teste de experiência, o revelador definitivo de doutrinas e o registro confiável dos atos de Deus na história.
Os escritos da Bíblia são “os escritos sagrados que podem instruí-lo para a salvação por meio da fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir em retidão, a fim de que o homem de Deus seja completo, preparado para toda boa obra.” (2Tm 3:15-17)
Como você pode ver, a Bíblia foi escrita para fins práticos.
Um mesmo assunto pode ser apresentado por seus vários autores sob vários aspectos e relações.
Embora suas expressões variem, e uma verdade seja apresentada de forma mais marcante por um escritor do que por outro, eles se complementam, tecendo uma mensagem completa e unificada. O salmista Davi pode transmitir uma determinada verdade de forma poética e lírica, enquanto Paulo de Tarso discutiria o mesmo assunto de forma mais sistêmica e acadêmica — um reflexo das experiências de vida e gostos de cada autor. Sob a direção de Deus, cada escritor apresentou um aspecto diferente da verdade que foi mais fortemente impressa em seu próprio coração e mente.
As verdades assim reveladas se unem para formar um todo perfeito, adaptado para atender às necessidades dos homens em todas as circunstâncias e experiências da vida.
SOBRE AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA
Tempo de leitura: 10 minutos

Os livros bíblicos foram originalmente escritos em hebraico, aramaico e grego koiné.
As traduções comumente usadas que temos são traduções diretas desses idiomas. Ao traduzir, nos baseamos nos manuscritos originais em hebraico, aramaico e grego koiné. Se formos dizer a verdade, o fato é que toda tradução moderna é um processo de uma única etapa: do idioma original para o idioma moderno.
Os textos originais são facilmente acessíveis e estão disponíveis (inclusive on-line) para quem preferir ler através deles.
Aqueles que leem a Bíblia por meio dos originais reconhecem que nossas traduções comumente usadas são confiáveis (eles até consultam várias traduções em suas leituras). Eles falam sobre o que sabem e sobre o que realmente estudaram. A tradução da Bíblia envolve um processo rigoroso e, atualmente, não é feita por uma única pessoa, mas por equipes de estudiosos.
Agora, aqui estão algumas das abordagens pelas quais a Bíblia é traduzida:
- Equivalência formal (mais literal) – Essas traduções procuram se aproximar o máximo possível dos textos originais em hebraico, aramaico e grego, preservando a ordem das palavras e a gramática onde possível. Exemplos: Almeida Corrigida Fiel (ACF) e Almeida Revista e Corrigida (ARC).
- Equivalência dinâmica (menos literal) – Estas priorizam transmitir o significado original em linguagem natural, mesmo que isso signifique reformular o texto. Exemplos: Nova Versão Transformadora (NVT) e Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).
- Equivalência otimizada (híbrida) – Estas combinam literalidade e legibilidade, ajustando o método com base no que melhor transmite o significado original em português natural. Exemplos: Nova Versão Internacional (NVI).
- Tradução hiperliteral – Uma abordagem rígida, palavra por palavra, que geralmente preserva a estrutura original e até mesmo expressões idiomáticas em seu significado literal. Exemplos: Bíblia Literal do Texto Tradicional (LTT) e Bíblias interlineares.
Como exemplo, comparemos abaixo diferentes traduções do Evangelho de Mateus 11:28, originalmente escrito em grego koiné. Observe que a mensagem transmitida em português é a mesma em cada tradução. Elas simplesmente usam palavras e estruturas diferentes para transmitir o mesmo que foi escrito pelo autor bíblico no idioma original.
Tradução hiperliteral: “Vinde até mim, todos vós os que estais arduamente-trabalhando e tendo sido sobrecarregados, e eu vos darei descanso.” (Mateus 11:28 LTT)
Equivalência formal (literal): “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28 ACF)
Equivalência dinâmica (menos literal): “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.” (Mateus 11:28 NVT)
Equivalência otimizada (híbrida): “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.” (Mateus 11:28 NVI)
Você notou que a mensagem transmitida em português é a mesma em todas as traduções?
É simplesmente uma questão de usar palavras diferentes, ou às vezes reorganizá-las, para expressar o mesmo sentido.
Agora, devemos também lembrar que a Bíblia foi escrita na linguagem dos homens — com todas as suas limitações e nuances. Atribuímos significados diferentes à mesma palavra. Não há uma única palavra para cada ideia distinta. Portanto, por causa disso, as traduções podem, às vezes, diferir em certos pontos.
Nesses casos, como podemos saber qual dos possíveis significados o autor bíblico estava usando?
E qual abordagem de tradução (literal, menos literal, etc.) você deve escolher?
A resposta à última pergunta depende de como você passa seu tempo com a Bíblia, o que também ajudará a responder à primeira pergunta. A melhor maneira de passar o tempo com a Bíblia é por meio de estudo, não de mera leitura. A leitura apressada das Escrituras traz poucos benefícios. Uma pessoa pode ler a Bíblia inteira e, ainda assim, não conseguir entender seu significado e ver sua beleza, harmonia e glória celestial.
O conhecimento de Deus não é obtido sem esforço (Provérbios 2:1-13).
A Bíblia deve ser estudada, versículo por versículo dissecada, e guardada no coração. Como o Mestre disse: “Examinem as Escrituras” (João 5:39). Um estudo cuidadoso das Escrituras também fará com que você preste atenção ao contexto que envolve uma palavra com duplo significado, e contexto é fundamental para saber qual dos possíveis significados o autor bíblico estava usando para essa palavra.
Para estudo, traduções mais literais são preferíveis.
Embora elas possam soar estranhas e pouco naturais, as traduções mais literais oferecem maior precisão, o que as torna apropriadas para um estudo aprofundado e úteis para análises linguísticas.
As traduções menos literais priorizam a facilidade de leitura em detrimento da rigorosa precisão. Às vezes, elas refletem mais a interpretação do tradutor do que o texto original, o que as torna menos adequadas para estudo. Além disso, algumas nuances, recursos poéticos, jogos de palavras e conexões sutis podem ser perdidos em traduções menos literais. Por essas razões, uma tradução mais literal do texto bíblico é priorizada nesta série (Luz na Babilônia) sempre que possível, mesmo quando essa abordagem resulta em uma linguagem que soa estranha e pouco natural.
Ao mesmo tempo, uma abordagem estritamente literal da tradução nem sempre deve ser usada, pois ela pode, na verdade, levar a significados totalmente diferentes do que o autor bíblico pretendia.
Isso também se aplica aos idiomas modernos: os significados que atribuímos a muitas palavras e expressões em nossos próprios idiomas às vezes diferem de suas definições literais. Expressões idiomáticas existem, e os diferentes povos da terra muitas vezes possuem formas únicas de expressar ideias. Por esse motivo, é importante não se basear apenas em traduções hiperliterais, mas comparar várias traduções em seu estudo. As explicações de linguistas e daqueles que estudaram os idiomas em que a Bíblia foi escrita devem ser consideradas (como é feito nesta série, no corpo do texto ou em notas de rodapé).
Para aqueles que preferem, uma alternativa ao uso de traduções é estudar os idiomas originais em que os livros bíblicos foram escritos: Hebraico, aramaico e grego koiné.
Muitos servos de Deus estudam a Bíblia lendo diretamente nos idiomas originais.
Mas as traduções que temos são suficientes e fornecem o mesmo acesso às palavras de Deus.
SOBRE REVELAÇÃO PROGRESSIVA

Nas Escrituras Sagradas, encontramos uma mina inesgotável de conhecimento divino.
Poderíamos passar a vida inteira estudando a Bíblia e ainda assim encontrar algo novo todos os dias.
Muitas coisas estão ocultas do explorador superficial e do leitor ocasional, mas abaixo da superfície da mina encontra-se reluzentes tesouros de conhecimento divino, prontos para recompensar aqueles que os buscam avidamente. O poço deve ser cavado cada vez mais fundo, e você continuará encontrando milhares e milhares de preciosas verdades. Quanto mais você fizer isso, maior será seu interesse pela leitura da Bíblia, as Escrituras receberão constantemente maior valor em sua avaliação, e mais você sentirá vontade de exclamar: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11:33)
Portanto, a jornada da fé não é um momento único, mas uma caminhada que dura a vida inteira.
Ninguém começa sua caminhada cristã sabendo tudo o que está na Bíblia, ou as profundezas do Deus infinito, ou mesmo todas as suas próprias falhas e áreas que precisam ser melhoradas (Salmos 19,12).
Se você já é cristão, você sabe disso por experiência própria. Pense em quando você se converteu a Cristo pela primeira vez. Suas práticas e seu conhecimento bíblico permaneceram os mesmos desde então? Se você tem sido um estudante diligente da Palavra de Deus, sua resposta deve ser “não”. Ao longo de sua caminhada cristã até hoje, não houve momentos em que uma Escritura de repente adquiriu um novo significado? Quando uma verdade bíblica que você não havia percebido se tornou essencial? Quando Deus lhe fez um chamado à obediência em algo que você nunca havia considerado antes? Você sabe, então, que havia muito mais a aprender, não apenas no início, mas em cada estágio que se seguiu.
“Ainda tenho muito que vos dizer”, disse Jesus a seus discípulos, “mas vós não o podeis suportar agora” (João 16,12).
“Há um grande princípio envolvido nessa afirmação: o de que a revelação é medida pela capacidade moral e espiritual dos homens que a recebem. A luz é graduada para o olho doente. Um oculista sábio não inunda esse olho com toda a luz do sol, mas coloca véus e bandagens, fecha as venezianas e deixa que um feixe perdido, sempre crescente à medida que a curva é aperfeiçoada, caia sobre ele. Assim, desde o início até o fim do processo de revelação, houve uma correspondência entre a capacidade dos homens de receber a luz e a luz que foi concedida; e o uso fiel da menor tornou-os capazes de receber a maior, e, assim que foram capazes de recebê-la, ela veio”. (MacLaren Expositions of Holy Scripture)
Em tudo o que faz, Deus é paciente, e misericordioso, e justo conosco (Salmo 145,17).
Ele não nos condena pelo que ainda não vemos.
Por seus méritos, Jesus intercede por nós diante de Deus, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23,34). Deus expressa preocupação e compaixão por aqueles que não têm entendimento: “Não deveria eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, que tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem distinguir entre a direita e a esquerda, assim como muitos animais?” (Jonas 4,11)
A imensa paciência de Deus também foi demonstrada no apóstolo Paulo — um homem que, antes de sua conversão, havia perseguido e executado muitos cristãos.
Por um período de tempo no passado, Paulo realizou uma obra muito cruel. Pensando que estava prestando um serviço divino e confiante de que estava certo em suas suposições, ele perseguiu e executou muitos servos de Deus. “Eu costumava acreditar que deveria fazer tudo o que pudesse para me opor ao próprio nome de Jesus de Nazaré”, disse ele. “De fato, fiz exatamente isso em Jerusalém. Com a autorização dos principais sacerdotes, fiz com que muitos dos santos de lá fossem enviados para a prisão. E dei meu voto contra eles quando foram condenados à morte. Muitas vezes fiz com que fossem castigados nas sinagogas para que amaldiçoassem Jesus. Eu me opunha tão violentamente a eles que até os perseguia em cidades estrangeiras.” (Atos 26,9-11)
Mas quando Jesus foi revelado a Paulo, e ele se convenceu de que estava perseguindo o messias de Deus (na pessoa de seus santos), ele se arrependeu, aceitou a verdade e mudou de comportamento.
Ele se tornou um novo homem e recebeu a verdade tão plenamente que nem a terra nem as profundezas eram capazes de abalar a sua fé. Pela causa da verdade, da mansidão e da retidão, ele se prontificou a seguir o messias de Deus — até mesmo à prisão e à morte. O mesmo homem que antes procurava destruir a verdade que veio em seu tempo, agora estava “firmado na verdade presente” (2 Pedro 1,12), e corajosamente a proclamou por todo o mundo conhecido, e tirou muitos da autoridade de Satanás para Deus.
“Não fui desobediente à visão celestial”. (Atos 26,19)
Ele disse: “Eu agradeço a Cristo Jesus, nosso Senhor, que me deu forças, por ter me considerado digno de confiança, designando-me para o seu serviço. Embora outrora eu fosse um blasfemador, perseguidor e violento, recebi misericórdia porque agi por ignorância e incredulidade. A graça de nosso Senhor foi derramada sobre mim abundantemente, juntamente com a fé e o amor que estão em Cristo Jesus. Aqui está uma afirmação digna de confiança que merece total aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores — dos quais eu sou o pior. Mas, por essa mesma razão, recebi misericórdia, para que em mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus pudesse mostrar sua imensa paciência como um exemplo para aqueles que viessem a crer nele e receber a vida eterna.” (1 Timóteo 1,12-16)
Ao mesmo tempo, para Paulo, sua sinceridade e ignorância passada não justificavam de forma alguma sua obra e nem tornavam o erro em verdade.
Ele deixou de lado tudo o que veio a saber que era contrário aos caminhos de Deus. Em arrependimento, ele se rendeu à revelação de Jesus Cristo e foi firmado “na verdade presente” (2 Pedro 1,12).
Mas a verdade que Deus enviou no primeiro século, e que foi aceita por Paulo, nunca esteve em conflito com as Escrituras Sagradas.
Pelo contrário, foi o cumprimento do que sempre esteve na Palavra de Deus. O cristianismo não era para ser uma nova fé, mas a continuação da mesma religião do povo de Deus mantida desde os dias de Adão, embora posteriormente corrompida e obscurecida pelos erros ensinados pelos líderes religiosos da época de Jesus. As crenças e os ensinamentos de Paulo eram simplesmente o que os profetas haviam escrito e a verdade que veio naquela época: aquele homem chamado Jesus de Nazaré era o tão aguardado Cristo, o qual, em conformidade com as profecias, sofreu oposição dos pecadores contra si mesmo, foi morto, ressuscitou e agora está assentado à destra do trono de Deus.
Tal crença trouxe oposição feroz do próprio sistema religioso do qual Paulo havia feito parte.
“Quando os judeus viram as multidões, ficaram cheios de inveja; então começaram a contradizer o que Paulo estava dizendo e o insultavam.” (Atos 13,45)
Eles deram falso testemunho sobre ele perante as autoridades, dizendo: “Descobrimos que esse homem é um agitador, que provoca tumultos entre os judeus em todo o mundo. Ele é um líder da seita dos nazarenos e até tentou profanar o templo, por isso o prendemos. […] Quando o governador fez sinal para que ele falasse, Paulo respondeu: […] Meus acusadores não me encontraram debatendo com ninguém no templo, nem agitando uma multidão nas sinagogas ou em qualquer outro lugar da cidade. E eles não podem provar a você as acusações que agora estão fazendo contra mim. No entanto, admito que adoro o Deus de nossos antepassados como seguidor do Caminho, o qual eles chamam de seita. Acredito em tudo o que está de acordo com a Lei e o que está escrito nos Profetas, e tenho a mesma esperança em Deus que esses homens têm, de que haverá uma ressurreição tanto dos justos [para a vida eterna] quanto dos ímpios [para a segunda morte].” (Atos 24,5-15)
“E agora é por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados que estou sendo julgado hoje. Essa é a promessa que nossas doze tribos esperam ver cumprida ao servirem a Deus com afinco dia e noite. Rei Agripa, é por causa dessa esperança que esses judeus estão me acusando. Por que vocês achariam inacreditável que Deus ressuscite os mortos? […] Primeiro aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judeia, e depois aos gentios, preguei que se arrependessem e se voltassem para Deus e demonstrassem seu arrependimento por meio de suas obras. É por isso que alguns judeus me prenderam nos pátios do templo e tentaram me matar. Mas Deus tem me ajudado até o dia de hoje; por isso, estou de pé aqui e presto testemunho tanto para os pequenos quanto para os grandes. Não estou dizendo nada além do que os profetas e Moisés disseram que aconteceria — que o Messias sofreria e, como o primeiro a ressuscitar dos mortos, levaria a mensagem de luz ao seu próprio povo e aos gentios. Nesse ponto, Festo interrompeu a defesa de Paulo. ‘Você está fora de si, Paulo!’, gritou ele. ‘Seu grande conhecimento o está deixando louco’. ‘Não estou louco, excelentíssimo Festo’, respondeu Paulo. ‘O que estou dizendo é verdadeiro e sensato. O rei está familiarizado com essas coisas, e posso falar livremente com ele. Estou convencido de que nada disso lhe passou despercebido, porque não foi feito em um local escondido. Rei Agripa, você acredita nos profetas? Eu sei que sim’. Então Agripa disse a Paulo: ‘Você acha que em tão pouco tempo pode me convencer a ser cristão?’ Paulo respondeu: ‘Em pouco ou em muito tempo, rogo a Deus que não só você, mas todos os que hoje me ouvem, se tornem o que eu sou [cristão], exceto por estas algemas’”. (Atos 26,6-8, 20-29)
Mesmo entre aqueles que o perseguiam ativamente e procuravam destruir sua mensagem, havia algumas pessoas que, ao conhecerem a verdade que Deus havia enviado, se arrependeriam e obedeceriam a ela.
Havia muitos verdadeiros servos de Deus que andavam de acordo com a luz que haviam recebido até então e, por causa disso, “receberam a mensagem com grande avidez e examinavam as Escrituras todos os dias para ver se o que Paulo dizia era de fato assim” (Atos 17,11).
Cada um de nós veio a Deus a partir de realidades diferentes.
Todos nós viemos com hábitos e pressupostos que aprendemos e moldamos com nosso ambiente e experiências. Alguns desses hábitos e pressupostos podem ser bons e corretos, enquanto outros, infelizmente, não são. E o que você fez quando escolheu servir a Deus? Você abandonou o que é errado. “Como filhos obedientes, não se amoldem aos antigos desejos com os quais vocês costumavam se conformar em sua ignorância, mas, como aquele que os chamou é santo, sejam vocês mesmos santos em toda a sua conduta” (1Pedro 1,14-15).
E durante toda a sua caminhada cristã até hoje, você, sem saber, manteve visões mundanas e hábitos errados que ainda não reconhecia como errados.
Mas o importante é, uma vez descoberto o que é verdadeiro em qualquer assunto, escolher deixar o que é errado aos pés da cruz e se apegar ao que é certo. Pois, aos olhos de Deus, o que mais importa não é o quanto sabíamos no início de nossa caminhada cristã ou mesmo hoje, mas o quão fielmente andamos de acordo com o conhecimento que recebemos. Como está escrito: “Deus não levou em conta os tempos da ignorância, mas agora ordena que todos os homens, em todo lugar, se arrependam” (Atos 17,30).
Ao estudar a Bíblia, Deus lhe revelou verdades mais profundas e corrigiu algumas de suas práticas e pontos de vista, chamando-o para padrões mais elevados e uma visão mais clara da vontade dele.
Assim, “a vereda dos justos é como a luz reluzente, que vai e ilumina até que o dia se estabeleça” (Provérbios 4,18).
Perceba o seguinte: mesmo quando o justo andava com pouca luz, as Escrituras ainda o chamavam de justo. Ele era considerado justo não apenas ao meio-dia, mas também no meio da manhã e até mesmo ao amanhecer. Os resquícios da escuridão da noite permaneciam, mas se desvaneciam constantemente à medida que o Sol da Justiça (Cristo) brilhava cada vez mais em seu caminho — até o momento em que seu caminho terá todo o brilho do dia e toda a escuridão da noite desaparecerá completamente. O mais importante não é o quanto sabíamos no início, mas o quanto caminhamos fielmente na luz que brilha em nosso caminho.
Portanto, o fato de você ter menos luz no início ou ontem não significa que você não era salvo ou um verdadeiro cristão antes.
Amanhã você saberá mais do que hoje, e melhorará hábitos que ainda não sabia que estavam errados, e isso não significa que neste momento você não seja salvo ou um verdadeiro cristão.
Seu único dever diante de Deus, naquela época ou hoje, era praticar o que você já sabia que deveria ser praticado. “Agora que vocês sabem essas coisas, serão bem-aventurados se as praticarem.” (João 13,17) “Se alguém, pois, sabe o bem que deve fazer e não o faz, é pecado para essa pessoa.” (Tiago 4,17) “Jesus disse: ‘Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado’.” (João 9,41) “Se eu não tivesse vindo e falado com eles, eles não seriam culpados de pecado; mas agora eles não têm desculpa para o seu pecado.” (João 15,22)
Mas não devemos nos distanciar da verdade a fim de alegar inocência perante Deus.
Isso não funcionará.
A ignorância que Deus desconsidera não é aquela ignorância voluntária e deliberada, que é condenada por Deus. Não é a escolha de se afastar da luz porque a luz exige mudança, porque exige rendição, porque perturba o conforto de um erro antigo. O caminho dos justos não é travado no amanhecer, nem no meio da manhã, mas é “como uma luz brilhante que vai e ilumina” (Provérbios 4,18). Deus tem mais luz para todos os que buscam a verdade honestamente, para aqueles que a desejam e estão dispostos a obedecê-la.
É o iníquo que não recebe luz e, por meio da transgressão, fecha as avenidas pelas quais a luz da verdade chegaria até ele.
Como diz o versículo seguinte: “O caminho dos ímpios é como as trevas; não sabem em que tropeçam” (Provérbios 4,19).
Além disso, precisamos ter cuidado para não tentar enganar a nós mesmos, alegando ignorância sobre algo que de fato temos conhecimento. “Se disserdes: ‘Eis que não sabíamos disso’, porventura não o percebe aquele que pesa o coração? Porventura não o sabe aquele que guarda a vossa alma, e não retribuirá ao homem segundo a sua obra?” (Provérbios 24,12)
Mas, à luz de todas essas coisas, quando nos deparamos com alguém que ainda não obedece a Deus em relação a um ponto que já sabemos que deve ser obedecido, nunca devemos pensar precipitadamente que essa pessoa não é um verdadeiro servo de Deus.
Da mesma forma que você não precisa pensar que nunca se converteu de verdade só porque só agora passou a conhecer determinada verdade, o mesmo é válido para outras pessoas que são honestas diante de Deus. Somente Deus e essa pessoa sabem em toda a sua extensão o que ela sabe e não sabe. Deixe o assunto com Deus, que sabe o que não sabemos e vê o que não vemos, e seja paciente com o processo dessa pessoa, da mesma forma que Deus tem sido paciente com o seu.
Sabe aqueles fiéis servidores do passado?
Quando lemos algo sobre suas vidas, podemos encontrar coisas que eles não praticavam ou acreditavam e que sabemos que deveriam ser praticadas ou acreditadas. Entretanto, isso não significa que eles não eram salvos. Eles eram verdadeiros cristãos, servos fiéis de Deus que andavam de acordo com todo o conhecimento que haviam recebido.
E é verdade que ninguém gosta de ser corrigido ou de ter seus erros apontados, mas precisamos aprender a considerar isso como uma bênção.
“Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho. […]. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.” (Hebreus 12,5-6, 11)
Mas é necessário um estudo atento e uma investigação minuciosa.
Percepções nítidas e claras da verdade nunca serão a recompensa da indolência.
“Meu filho, se você receber as minhas palavras e entesourar os meus mandamentos dentro de você, faça o seu ouvido atento à sabedoria; incline o seu coração para o entendimento. Pois se você clamar por discernimento e erguer a voz por entendimento; se buscá-la como a prata e procurá-la como a tesouros escondidos, então você entenderá o temor do Senhor e descobrirá o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento. Ele armazena a boa sabedoria para os retos; é um escudo para os que andam em integridade, guardando as veredas da retidão, e vigia o caminho dos seus piedosos. Então você discernirá a retidão, a justiça, a integridade e todo bom caminho. Porque a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será deleitoso para a tua alma; a discrição velará por ti, o entendimento te guardará, para te livrar do caminho do mal, do homem que fala coisas perversas; dos que deixam as veredas da retidão para andarem nos caminhos das trevas;” (Provérbios 2,1-13)
SOBRE A POESIA SEMÍTICA

A poesia é uma expressão literária muito comum na Bíblia.
Portanto, ser capaz de entendê-la bem é muito útil para compreender a Bíblia.
Podemos encontrar elementos poéticos mesmo fora dos considerados livros poéticos (Salmos, Jó, Cântico dos Cânticos, etc.). Eles também aparecem em longas seções de livros narrativos, oráculos proféticos e também nas obras dos escritores do Novo Testamento. A compreensão das estruturas poéticas encontradas na Bíblia será muito importante para a leitura desta série, Luz na Babilônia, bem como para as outras séries e estudos bíblicos que você encontrará neste website.
Para esta série, o aspecto mais relevante da poesia bíblica é o paralelismo.
PARALELISMO SINÔNIMO
É mais fácil entender com um exemplo: “Ouçam isto, todos os povos; deem ouvidos, todos os habitantes do mundo.” (Salmo 49:1)
Em termos simplistas, o conceito é que a segunda linha reafirma a primeira usando outros termos: ‘ouçam’ significa o mesmo que ‘deem ouvidos’, e ‘todos os povos’ é o mesmo que ‘todos os habitantes do mundo’. É poético e agradável ao ouvido. Cria um tom solene, dramático e até mesmo sábio. É mais impactante e solene um discurso que começa com: “Ouçam isto, todos os povos; deem ouvidos, todos os habitantes do mundo” (Salmo 49:1) do que um que simplesmente diz “Ouçam isto, todos os povos”.
Outro exemplo: “A testemunha falsa não será absolvida; o que exala mentiras não será livrado.” (Provérbios 19:5)
Novamente, a segunda linha repete a primeira usando outros termos: ‘a testemunha falsa’ é o mesmo que ‘o que exala mentiras’, e ‘absolvida’ significa o mesmo que ‘livrado’.
Como você pode observar, as palavras paralelas aqui compartilham a mesma cor. Nesta série, os termos paralelos nos versículos bíblicos serão codificados por cores para ajudar os leitores a identificá-los mais facilmente e evitar lembretes constantes de que esses termos são paralelos. Os termos com significados iguais ou relacionados compartilharão a mesma cor.
Com o tempo, seus olhos ficarão treinados e você conseguirá identificar paralelismos com uma olhada rápida sobre o texto bíblico.
Você não conseguirá deixar de notá-los ao ler a Bíblia.
PARALELISMO ANTITÉTICO
O paralelismo também pode usar termos contrários, o que é chamado de paralelismo antitético.
Por exemplo: “O filho sábio alegra o pai, mas o filho insensato é uma tristeza para a mãe.” (Provérbios 10:1)
“Os poetas hebreus frequentemente expressam um sentimento com o máximo de brevidade e simplicidade, ilustrado por nenhuma circunstância, adornado com nenhum epíteto (que, na verdade, eles raramente usam); em seguida eles recorrem ao auxílio de ornamentos; eles repetem, variam, amplificam o mesmo sentimento; e, acrescentando uma ou mais sentenças que correm paralelamente umas às outras, eles expressam o mesmo sentimento ou um semelhante, e muitas vezes um contrário, quase na mesma forma de palavras. Desses três modos de ornamento, pelo menos, eles fazem o uso mais frequente, a saber, a amplificação das mesmas ideias, a acumulação de outras e a oposição ou antítese daquelas que são contrárias umas às outras: eles dispõem as sentenças correspondentes em segmentos regulares adaptados uns aos outros e de igual comprimento, nos quais, em sua maior parte, as coisas respondem às coisas e as palavras às palavras, […]” (Robert Lowth, Lectures on the Sacred Poetry of the Hebrews)
Outro exemplo: “A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos tolos balbucia tolices.” (Provérbios 15:2)
QUIASMO
Há também o quiasmo, quando as partes periféricas de um texto se correspondem, e a ideia central forma o foco.
“O sábado foi feito por causa da humanidade, e não a humanidade por causa do sábado” (Marcos 2:27). O foco e o propósito do dia de sábado é o benefício do homem. O versículo mostra que é exatamente por esse motivo que Deus estabeleceu o dia de sábado e ordenou que o guardássemos.
Outro exemplo: “Ninguém é capaz de servir a dois senhores, pois ou odiará um e amará o outro, ou se devotará a um e rejeitará o outro; vocês não são capazes de servir a Deus e a Mamom.” (Mateus 6:24) O ponto central aqui é a escolha de a quem se devotar e amar. Algo semelhante envolve a escolha de quem rejeitar e odiar (ódio no sentido de rejeição, como também indicado pelo paralelismo). O fato de não podermos servir a dois senhores ao mesmo tempo — Deus e Mamom — é tanto a introdução quanto a conclusão da discussão acerca de a quem nos devotaremos e amaremos.
POESIA E TRADUÇÃO
“A poesia é o que se perde na tradução.”
Mas as coisas são diferentes quando se trata da poesia semítica.
Como vimos, a poesia semítica geralmente se baseia em significados e não em sons. Em geral, não depende de terminações de palavras ou padrões fonéticos específicos, que raramente se alinham entre os idiomas. Em vez de rimar sons, a poesia semítica cria uma “rima” de ideias usando estruturas paralelas. Isso é mais fácil de traduzir e torna mais fácil a preservação da beleza original do texto em diversos idiomas. “[…] um poema traduzido literalmente do hebraico para a prosa de qualquer outro idioma, ao mesmo tempo em que as mesmas formas das sentenças sejam mantidas, ainda assim conservará, mesmo no que se refere à versificação, muito de sua dignidade original, […].” (Robert Lowth, Lectures on the Sacred Poetry of the Hebrews)
Conforme mencionado, outro motivo pelo qual uma abordagem de tradução literal é priorizada nesta série é a preservação dos recursos poéticos usados pelos escritores bíblicos.
Por exemplo, esta é uma tradução literal de Jó 10:5: “Como os dias de um ser humano são os seus dias? Seus anos são como os dias de um homem?” (Jó 10:5) Como você pode ver, há um quiasma nessa passagem. Essencialmente, a segunda linha está repetindo o que foi dito na primeira usando outros termos. Mas em vez de repetir o que foi dito na primeira linha, como o escritor bíblico fez, uma certa tradução não literal resume e traduz o versículo inteiro como: “Sua vida é tão curta quanto a nossa?” (Jó 10:5 GNT)
Mas ao condensar esse versículo, informações úteis foram perdidas (como você já deve ter percebido ou perceberá em breve).
E em nossa pressa, para evitar a repetição, em prol da brevidade, sacrificamos a beleza e a arte também.
“O objetivo da poesia é instruir enquanto dá deleite; sendo a instrução o objetivo, e o deleite o meio […]. […] adornada com todas as cores mais esplêndidas da linguagem, magnificamente sublime nos sentimentos, animada pela expressão mais profundamente comovente, e diversificada e embelezada por dicção figurativa e imagens poéticas; tais são quase todas as produções restantes dos profetas”. (Robert Lowth, Lectures on the Sacred Poetry of the Hebrews)
De fato, “a língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos tolos balbucia tolices.” (Provérbios 15:2)
IMPORTÂNCIA DOS PARALELISMOS NESTA SÉRIE
Por que a introdução desta série está abordando a poesia semítica e como reconhecê-la no texto?
Porque, por meio dos recursos poéticos usados pelos escritores sagrados, podemos obter muitas informações úteis que nos ajudarão no estudo da Bíblia. A compreensão dos paralelismos nos ajuda a entender melhor como os escritores bíblicos usaram determinadas palavras e expressões. Podemos entender melhor o pensamento que o escritor bíblico está tentando transmitir com suas palavras.
Como uma linha acrescenta significado à outra, esclarecendo-a e refinando-a, podemos obter uma compreensão clara de seu significado.
Por exemplo, o que significa a expressão “filho do homem”, que vemos com frequência na Bíblia? Podemos descobrir o significado também por meio do paralelismo: “A vocês, ó homens, eu chamo, e a minha voz é aos filhos de homens.” (Provérbios 8:4) Portanto, “filho do homem” é o mesmo que “homem”. O escritor bíblico está simplesmente repetindo o que já foi dito usando outros termos (de fato, o filho de um homem é um homem).
Assim, por meio da poesia, podemos entender melhor o significado de muitas palavras e expressões.
Isso será útil em nossos estudos.
(Para ler mais sobre paralelismo e poesia semítica, consulte: The Art of Biblical Poetry, de Robert Alter, Lectures on the Sacred Poetry of the Hebrews, de Robert Lowth, ou Introduction to Biblical Interpretation, de William W. Klein, Craig L. Blomberg e Robert L. Hubbard Jr.).