Escrito por Peter Rodriguez


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  • O Livro da Natureza
    • A natureza como Palavra de Deus
    • Criatura e Criador
    • Lidando com as dúvidas
    • O caráter do Criador
  • A Bíblia
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    • Jesus e as revelações anteriores

O Livro da Natureza

A natureza como Palavra de Deus

Em muitas partes da Bíblia, a natureza é vista como um livro sagrado — como uma outra fonte de conhecimento sobre o divino.

A Bíblia diz que os céus “estão inscrevendo a glória de Deus” e que “sua escrita se estende por toda a terra” (Salmos 19:1, 4).

“A expressão [“sua escrita se estende por toda a terra”] é particularmente apropriada, porque, como acabou de ser sugerido, os céus e outras obras de Deus não ensinam os homens com uma voz audível, ou falando aos seus ouvidos, mas visivelmente, exibindo coisas aos seus olhos, o que é feito em linhas, ou escrita, ou por esboços ou delineações, como a palavra hebraica também pode ser traduzida. Sua linha, neste sentido, saiu — está espalhada por toda a terra — de modo a ser vista e lida por todos os seus habitantes;” (Comentário de Joseph Benson do Antigo e Novo Testamentos)

As obras de Deus contêm muitos ensinamentos importantes para nós.

Cada página do Livro da Natureza oferece uma rica fonte de conhecimento sobre Aquele que criou todas as coisas. Ele eleva nossos pensamentos ao Criador e nos guia à pureza, paz e santidade. Seus versos estão repletos de sabedoria divina, e faríamos bem em receber suas palavras com cuidado e reverente atenção, pois o Livro da Natureza não é nada menos que a Palavra de Deus.

Como a Bíblia diz:

  • “Vá até a formiga, […] estude seu comportamento e seja sábio” (Provérbios 6:6)
  • “Pergunte aos animais, e eles o ensinarão” (Jó 12:7)
  • “Considerem os lírios” (Lucas 12:27)
  • “Observem as aves do céu” (Mateus 6:26)
  • “Considerem os corvos” (Lucas 12:24)
  • “olhem para os céus” (Isaías 40:26)
  • “comunica-te com a terra, e ela te ensinará;” (Jó 12:8)
  • “e os peixes do mar te declararão.”(Jó 12:8)

A Bíblia diz que dia após dia os céus “derramam discurso; noite após noite eles revelam conhecimento” (Salmos 19:2).

Assim como os santos profetas escreveram sobre Deus nas Escrituras, a natureza também fala dele. Ela nos fala sobre a existência de um Ser divino e que este Ser é grande em poder, pois o Criador de tais maravilhas deve sê-lo. Assim, aquilo que se pode conhecer do Criador, nosso Deus, é-nos manifestado pela natureza ao nosso redor, pelas coisas que ele fez. “Pois as coisas não vistas dele, tanto o poder eterno como a divindade dele, são claramente vistas desde a criação do mundo, sendo apreendidas com a mente através das coisas feitas;” (Romanos 1:20)

As coisas que encontramos na natureza são como as palavras de um livro.

Assim como ler as palavras de um livro nos permite, através de esforço mental, perceber as realidades invisíveis que elas transmitem, ler as palavras do Livro da Natureza também nos permite perceber as coisas não vistas de Deus.

As flores que pontilham os campos, a bela melodia que Deus ensinou aos pássaros, as cenas gloriosas pintadas na sempre cambiante tela celeste — todos são lembretes que elevam nossos pensamentos ao Criador.

O sábio não é aquele que meramente olha para as letras do Livro da Natureza, nem aquele que apenas se deleita com a poesia de seus bem-elaborados versos. O sábio é aquele que vê além das letras, compreendendo o significado das palavras que lê e apreendendo as verdades por elas transmitidas. Com reverência, ele medita sobre a voz da natureza, ouvindo suas palavras como a Palavra de Deus e fazendo perguntas que o conduzem à verdade.

O pupilo de Sêneca costumava questionar a prática de seu mestre de observar a natureza e meditar sobre sua origem e Criador.

O filósofo gentio Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) respondeu ao seu pupilo com estas palavras: “Você me proíbe de contemplar o universo? Você me obriga a me afastar do todo e me restringir a uma parte? Não posso perguntar quais são as origens de todas as coisas, quem moldou o universo, quem pegou a massa confusa e amalgamada de matéria inerte e a separou em suas partes? Não posso perguntar quem é o Grande Arquiteto deste universo, como a imensa massa foi trazida sob o controle da lei e da ordem, quem reuniu os átomos dispersos, quem separou os elementos desordenados e deu forma definida aos elementos que jaziam em uma vasta deformidade?” (Seneca: Ad Lucilium epistulae morales, with an English Translation by Richard M. Gummere)

É correto reservarmos tempo para refletir sobre a criação de Deus e sobre Aquele que fez todas as coisas, por meio da leitura do Livro da Natureza.

Como a Bíblia nos convida: “Levantai ao alto os vossos olhos e vede. Quem criou estas coisas?” (Isaías 40:26) Ao fazê-lo, através de seus questionamentos e de sua própria prática de ler o Livro da Natureza, aquele mesmo filósofo gentio pôde reconhecer: “Deus fez esta grande e tão bela criação.” (Seneca: Ad Lucilium epistulae morales, with an English Translation by Richard M. Gummere)

O mundo natural revela à nossa mente a grandeza do nosso Deus e torna manifestas as maravilhas da sua criatividade.

“Ó Senhor, que variedade de coisas fizeste! Com sabedoria as fizeste todas; a terra está cheia das tuas criaturas! Eis o mar, vasto e amplo, onde se movem seres incontáveis, seres pequenos e grandes. Por ele transitam os navios, e o leviatã que formaste para nele brincar. Todos esperam de ti que lhes dês o alimento a seu tempo. Se lhos dás, eles o recolhem; se abres a tua mão, saciam-se de bens.” (Salmo 104:24-28)

“Grandes são as obras de Jeová, estudadas por todos os que nelas se deleitam.” (Salmo 111:2)

Ao estudar o Livro da Natureza, muitos foram divinamente iluminados e chegaram à interpretação correta.

A literatura científica forma essencialmente uma coleção de comentários sobre esse livro sagrado. O matemático e físico Isaac Newton, comentando sobre o Livro da Natureza, escreveu na conclusão de sua Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica: “Este tão belo sistema do sol, planetas e cometas só poderia proceder do conselho e domínio de um Ser inteligente e poderoso.” (Newton’s Principia: The Mathematical Principles of Natural Philosophy, by Sir Isaac Newton; translated into English by Andrew Motte)

O Livro da Natureza jaz aberto diante de toda a humanidade.

Através desse livro, todo indivíduo humano pode aprender sobre Deus — mesmo nos lugares mais remotos do globo.

Pois onde quer que haja uma criação de Deus, essa mesma criação testemunha silenciosa e continuamente sobre o seu Criador. Não importa onde estejam ou que língua falem, todos os habitantes da Terra ouviram falar de Deus, o Criador. Como a Bíblia diz: “Os céus estão inscrevendo a glória de Deus; os céus estão proclamando a obra de suas mãos. Dia após dia eles derramam discurso; noite após noite eles revelam conhecimento. Eles não têm fala, não usam palavras; nenhum som é ouvido deles. Contudo, sua escrita sai por toda a terra, suas palavras até os confins do mundo.” (Salmos 19:1-4)

Muitos povos e indivíduos ao redor do globo ouviram aquelas palavras silenciosas da Natureza e descobriram o Deus verdadeiro através delas.

Nascido nos primeiros anos da conquista espanhola, Inca Garcilaso de la Vega — filho de uma nobre inca e de um conquistador espanhol — escreveu extensivamente sobre a história, cultura e sociedade incas. Em seu livro Comentarios Reales de los Incas, ele relembra sua infância vivendo entre os incas e como um deles. Ele escreveu: “Eles tinham a Pachacámac [Deus, o Criador] em maior veneração interior do que o Sol, cujo nome, como disse, não ousavam tomar em sua boca, enquanto o nome do Sol diziam constantemente. Quando perguntados quem era Pachacámac, diziam que era aquele que deu vida ao universo e o sustentava, […]. Deve-se saber, como dissemos em outro lugar e diremos novamente, e como todos os historiadores escreveram, que os reis incas do Peru, através da luz natural que Deus lhes havia dado, vieram a entender que havia um Criador de todas as coisas, a quem chamavam de Pachacámac, que significa ‘o criador e sustentador do universo’. […] Os incas ficaram muito satisfeitos em saber que os yuncas [outro povo indígena] tinham Pachacámac [o Criador] em tão alta reverência e que interiormente o adoravam como o deus supremo.” (Comentarios Reales de los Incas, Inca Garcilaso de la Vega)

Ao ler o Livro da Natureza, o filósofo romano Sêneca reconheceu: “Deus fez esta grande e tão bela criação.” (Seneca: Ad Lucilium epistulae morales, with an English Translation by Richard M. Gummere)

Um poeta grego uma vez escreveu: “Ó mais glorioso dos Imortais, poderoso Deus, invocado por muitos nomes, ó Rei soberano da Natureza universal, pilotando este mundo em harmonia com a Lei — toda a honra! A Ti é justo que os mortais se dirijam, pois filhos Teus somos, […]” (The Hymn of Cleanthes: Greek Text Translated into English, with Brief Introduction and Notes, by E. H. Blakeney, M. A.)

Em seu livro O selvagem, o militar e etnólogo José Vieira Couto de Magalhães compartilha informações que coletou de frequentes interações com os nativos durante suas expedições pelo Brasil. Ele menciona: “As pessoas, que entre os americanos [ameríndios] do Brasil se occupam de coisas divinas, são chamadas Caraíba e Pagees, os quaes são os seus sacerdotes. Acima das coisas da terra existe um ente a quem chamam Monãn. ou Monhãn, que quer dizer Constructor, o Edificador, o Autor, ao qual attribuem as mesmas perfeições que nós attrihuimos a Deus.” (O selvagem, José Vieira Couto de Magalhães)

Como a Bíblia diz: “Os céus proclamam a sua retidão [de Deus], e todos os povos veem a sua glória.” (Salmos 97:6)

A glória de Deus é a sua bondade (Êxodo 33:18-19), a sua retidão. A sua grande misericórdia para conosco é a razão apontada pelo Salmista para que todos os povos do mundo louvem o Deus e Criador de toda a humanidade: “Louvai a Jeová, vós todas as nações, louvai-o, todos os povos. Porque grande é a sua misericórdia para conosco; e a verdade de Jeová permanece para sempre. Louvai a Jeová!” (Salmos 117:1-2) “Ele não deixou de dar testemunho de si mesmo: mostrou bondade, dando-vos chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-vos sustento com fartura e enchendo os vossos corações de alegria.” (Atos 14:17)

“Cantai ao Senhor em ação de graças; cantai louvores ao nosso Deus ao som da harpa! Ele cobre os céus de nuvens, fornece chuva para a terra e faz a grama crescer nas pastagens das montanhas. Ele dá alimento aos animais selvagens e alimenta os filhotes dos corvos quando gritam.” (Salmos 147:7-9)

Criatura e Criador

Sabemos que uma pintura não é aquele que a pintou.

Da mesma forma, as obras de arte que vemos na natureza não são Aquele que as fez.

Esta seção explora o importante fato mencionado acima. Cometemos um triste erro quando nos deleitamos com os dons, mas esquecemos o Doador, e um erro grave quando confundimos a criação com o seu Criador. Precisamos considerar uma verdade simples: uma obra de arte não é o artista. Sabemos disso. Uma obra de arte aponta para a habilidade e personalidade de seu autor, mas não é ele; da mesma forma, o universo apenas expõe o poder, a sabedoria e a criatividade do seu Criador. O universo fala de Deus, mas não é Deus.

A razão nos leva a honrar não a pintura, mas o pintor.

A quem devemos adorar, então? À criatura ou ao Criador?

Este é um tópico importante para considerarmos, sendo inclusive parte da última mensagem que deve ser dada à humanidade em todas as regiões do globo: “adorai”, não a criatura, mas “aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas!” (Apocalipse 14:7)

Louvamos artistas humanos por suas obras, mas não é Deus muito mais digno de nosso louvor? Um pintor humano pinta com base no que já foi criado, copiando ou buscando inspiração no mundo ao seu redor. Mas Deus criou todas as coisas a partir de sua própria mente, quando absolutamente nada além dele mesmo existia. Sua criatividade não está limitada a conhecimentos prévios ou materiais existentes. Não é ele muito mais digno de louvor do que os artistas humanos? As formas graciosas e as cores delicadas das plantas e flores podem ser copiadas pela habilidade humana; mas que toque pode transmitir vida a uma única flor ou folha de grama? Não é o Autor da vida muito mais digno de nossa admiração do que artistas humanos?

“Tu és digno, ó Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas!” (Apocalipse 4:11).

“Quando as estrelas foram feitas”, diz Deus, “todos os meus anjos me louvaram em alta voz” (Jó 38:7 LXX). Eles louvaram o Artista divino, não a arte. Reconheceram o mérito no Criador, não na coisa criada. Nada pode criar a si mesmo, e, portanto, a criação não tem mérito em si mesma. Agora, ao Eterno, que é maior do que qualquer pedra ou pedaço de madeira, que sempre existiu e sempre existirá — o único Deus verdadeiro — sejam a honra, os aplausos e a glória para todo o sempre.

Só o Criador é Jeová, que na língua hebraica significa “O Autoexistente”.

O Criador não precisa de nada para existir, uma vez que ele é aquele que existia quando nada além dele mesmo existia.

A natureza não funciona por si só, mas depende completamente de Deus. O próprio Deus está continuamente fazendo nossos corações baterem e guiando diretamente os planetas em suas alegres órbitas ao redor do sol. Uma árvore extrai nutrição do solo de Deus, hidratação das chuvas de Deus e energia do sol de Deus. Remova o sol, ou a água, ou o solo, e a árvore eventualmente deixa de existir. O verdadeiro Deus, em contraste, não precisa de nada para existir. Ele existe por si mesmo e é a razão da existência de todas as coisas. É o Criador que é digno de ser chamado Deus.

Então, quem é maior: a criatura ou o Criador?

Quem é mais poderoso: a coisa sustentada ou Aquele que a sustenta?

E a quem devemos orar: ao instrumento ou Àquele que o opera?

Todos os elementos do universo foram criados por ele, pertencem a ele e estão sob o poder de suas mãos. “Ele faz o seu sol nascer” (Mateus 5:45). “Ele faz crescer a relva para o gado e as plantas para o cultivo do homem, para que da terra ele tire o alimento” (Salmos 104:14). “Ele recolhe as gotas de água, que se destilam em chuva do seu vapor, que os céus derramam e caem sobre o homem em abundância” (Jó 36:27-28). “Há, acaso, entre as vaidades dos gentios alguém que faça chover? Ou podem os céus dar chuvas? Não és tu, Jeová, nosso Deus? Portanto, nós esperaremos em ti, pois tu fizeste todas estas coisas” (Jeremias 14:22).

O filósofo romano Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) escreveu: “há uma grande diferença entre uma obra e a causa de uma obra. […] aquilo que cria, ou seja, Deus, é mais poderoso e precioso do que a matéria, sobre a qual Deus age.” (Sêneca: Ad Lucilium epistulae morales, com uma tradução para o inglês de Richard M. Gummere)

A compreensão de que o Criador é maior do que as coisas criadas encontrou seu caminho nos pensamentos do fundador do Império Inca, Pachacuti Inca Yupanqui (reinou de 1438 a 1471): “[…] e queixando-se a ele de que, sendo o senhor universal e criador de todas as coisas, e tendo feito os céus, o sol, o mundo e a humanidade, e com tudo sob seu poder, eles não lhe davam [a Deus, o Criador] a obediência que ele merecia, mas sim prestavam igual veneração ao Sol, ao trovão, à terra e a outras coisas, que não tinham virtude alguma além daquela que ele lhes havia dado; e que ele [Deus] lhe fez saber que no céu, onde ele estava, era chamado Viracocha Pachayacháchic, que significa criador universal, […].” (Comentarios Reales de los Incas, Inca Garcilaso de la Vega)

Não há possibilidade de estar em erro sobre quem é o verdadeiro Deus quando aquele que criou todas as coisas é precisamente o objeto de nossa adoração.

Simplesmente elevamos nossas orações e adoramos mentalmente aquele que criou todas as coisas. Sem estátuas, sem qualquer coisa criada.

“Quando perguntados quem era Pachacámac, eles [os Incas] disseram que era aquele que deu vida ao universo e o sustentava, mas que não o conheciam porque não o haviam visto e, por essa razão, não lhe construíam templos nem lhe ofereciam sacrifícios, mas que o adoravam em seus corações (isto é, mentalmente) e o temiam como o Deus desconhecido. […] Que os ídolos encontrados no templo de Pachacámac fossem removidos, pois, sendo o criador e sustentador do universo, não era adequado que ídolos de menor majestade permanecessem em seu templo e sobre seu altar, e que Pachacámac fosse adorado no coração e nenhuma estátua fosse feita dele porque, não havendo se mostrado, eles não sabiam que forma ele tinha e, assim, não podiam retratá-lo, como faziam com o Sol.” (Comentarios Reales de los Incas, Inca Garcilaso de la Vega)

Como Moisés disse na Bíblia: “Portanto, guardai bem as vossas almas, pois não vistes forma alguma no dia em que Jeová vos falou em Horebe, do meio do fogo. Para que não vos corrompais, fazendo para vós uma imagem esculpida, na forma de qualquer figura, […].” (Deuteronômio 4:15-16)

O simples entendimento de que o Criador é maior do que as coisas criadas chegara aos pensamentos de Pachacuti Inca Yupanqui (reinado de 1438 – 1471), o fundador do Império Inca: “[…] e queixando-se a ele de que, sendo senhor universal e criador de todas as coisas, e tendo feito os céus e o sol e o mundo e a humanidade, e com tudo sob seu poder, eles não lhe davam [a Deus, o Criador] a obediência que ele merecia, mas sim prestavam igual veneração ao Sol e ao trovão e à terra e a outras coisas, que não tinham virtude alguma senão a que ele lhes havia dado; e que ele lhe deu a conhecer que no céu, onde ele estava, era chamado Viracocha Pachayacháchic, que significa criador universal, […].” (Comentarios Reales de los Incas, Inca Garcilaso de la Vega)

O filósofo gentio Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) teve o mesmo entendimento que o indígena peruano mencionado acima: “há uma grande diferença entre uma obra e a causa de uma obra. […] aquele que cria, em outras palavras, Deus, é mais poderoso e precioso do que a matéria, sobre a qual Deus age.” (Seneca: Ad Lucilium epistulae morales, with an English Translation by Richard M. Gummere)

Uma árvore recebe nutrição do solo de Deus, hidratação de Suas chuvas e energia de Seu sol. Remova o sol, ou a água, ou o solo, e a árvore eventualmente deixa de existir. Em contraste, o verdadeiro Deus não precisa de nada para existir, pois é aquele que existia quando nada além dele mesmo existia. Ele é a razão da existência de todas as coisas. Ele transcende a todas as coisas. Ele é o Ser Autoexistente.

O profeta Isaías representa Aquele que criou todas as coisas dizendo: “antes de mim nenhum deus se formou, nem depois de mim haverá algum. Eu, eu mesmo, sou Jeová;” (Isaías 43:10-11)

O Criador não é uma estátua, mas o Deus vivo e eterno — que pensa, ama e nos dá sustento e vida.

“Quando perguntados quem era Pachacámac, eles [os incas] disseram que era aquele que dava vida ao universo e o sustentava, mas que não o conheciam porque não o tinham visto, e que por essa razão não lhe construíam templos nem lhe ofereciam sacrifícios, mas que o adoravam em seus corações (isto é, mentalmente) e o temiam como o Deus desconhecido. […] Que os ídolos encontrados no templo de Pachacámac fossem expulsos, porque, sendo ele o criador e sustentador do universo, não era apropriado que ídolos de menor majestade permanecessem em seu templo e sobre seu altar, e que Pachacámac fosse adorado no coração e que nenhuma estátua fosse feita dele porque, não tendo se mostrado, eles não sabiam que forma ele tinha e, assim, não podiam retratá-lo, como faziam com o Sol.” (Comentarios Reales de los Incas, Inca Garcilaso de la Vega)

Como Moisés disse na Bíblia: “Guardai, pois, cuidadosamente as vossas almas, pois não vistes forma alguma no dia em que Jeová vos falou em Horebe, no meio do fogo; para que não vos corrompais, fazendo para vós uma imagem esculpida, na forma de qualquer figura, […].” (Deuteronômio 4:15-16)

É errado reduzir Deus a uma estátua ou direcionar nossas orações a uma coisa criada em vez de ao Criador. Tais ações distorcem nossa compreensão dele e diminuem sua majestade em nossas mentes, reduzindo o Eterno a algo perecível — uma mera criatura. Em contraste, não pode haver erro quando os homens simplesmente adoram Aquele que é o criador, e o fazem da forma como o Inca descreveu: “em seus corações (ou seja, mentalmente)”.

Uma pedra, um lagarto ou um pedaço de madeira não pode ser um deus.

A Bíblia nos convida a raciocinarmos juntos, à reflexão, com esta passagem escrita pelo profeta Isaías: “O carpinteiro estica o cordel; traça o contorno com um lápis; trabalha-o com plainas e marca-o com o compasso, fazendo-o à semelhança de uma figura humana, como a beleza de um homem, para habitar em um templo. Ele corta para si cedros, toma um cipreste ou um carvalho, e escolhe para si entre as árvores da floresta; planta um pinheiro, e a chuva o faz crescer. Então isso serve ao homem para queimar; e ele toma uma parte para se aquecer; acende um fogo e coze o pão; mas também faz um deus e o adora; fabrica uma imagem esculpida e se prostra diante dela. Metade queima no fogo; sobre a metade ele assa carne, come a assadura e fica satisfeito; também se aquece e diz: Ah! Já me aquentei, vi o fogo. E do restante faz um deus, sua imagem esculpida; prostra-se diante dela e a adora, e ora a ela, dizendo: Salva-me, pois tu és o meu deus. Eles não sabem, nem entendem; porque seus olhos estão vendados, para que não vejam, e seus corações, para que não entendam. E nenhum deles reflete, e não há conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo e assei pão sobre suas brasas; assei carne e a comi; e faria eu da sobra uma abominação? Prostrar-me-ia a um pedaço de árvore?” (Isaías 44:13-19)

“Os tempos da ignorância, portanto, Deus os desconsiderou; mas agora ele ordena a todos os homens, em todos os lugares, que se arrependam:” (Atos 17:30)

Portanto, as obras que vemos na natureza não são Aquele que as fez, assim como uma pintura não é aquele que a pintou.

O louvor e a adoração são devidos unicamente ao Criador, não à criação, assim como a razão nos leva a reconhecer o mérito não na pintura, mas no pintor.

LIDANDO COM AS DÚVIDAS

A Misericórdia de Deus, o Criador

A Bíblia

As Escrituras como Palavra de Deus

Deus Revelado pela Bíblia

Como a Bíblia foi escrita

Jesus Cristo

Deus em carne

Fontes históricas sobre Jesus Cristo

Jesus e as revelações anteriores

Tudo o que Jesus ensinou, fez e acreditou estava plenamente alinhado com os ensinamentos anteriores da Palavra de Deus.

Considere seus ensinamentos e veja por si mesmo a importância que ele deu ao Livro da Natureza e como ele exaltou as Escrituras Sagradas. Tudo o que ele disse e fez estava em harmonia com os ensinamentos anteriores da Palavra de Deus. E não poderia ser diferente, pois ele era o próprio que inspirou os profetas e escreveu o Livro da Natureza: “o Espírito de Cristo, que estava neles [nos profetas antigos]”, (1 Pedro 1:11) e “por meio dele [de Jesus] todas as coisas foram criadas” (Colossenses 1:16).

Devemos considerar tanto a Natureza quanto o Antigo Testamento como a Palavra de Cristo — porque elas o são (1 Pedro 1:11 e Colossenses 1:16).